sábado, 20 de outubro de 2012
Escrevo isso e choro. Porque quero tanto e não quero tanto. Porque se
acabar morro. Porque se não acabar morro. Porque sempre levo um susto quando te
vejo e me pergunto como é que fiquei todos esses anos sem te ver. Porque você me
entedia e dai eu desvio o rosto um segundo e já não aguento de saudade. E
descubro que não é tédio mas sim cansaço porque amar é uma maratona no sol e sem
água. E ainda assim, é a única sombra e água fresca que existe. Mas e se no
primeiro passo eu me quebrar inteira? E se eu forçar e acabar pra sempre sem
conseguir andar de novo? Eu tenho medo que você seja um caminhão de luz que me
esmague e me cegue na frente de todo mundo. Eu tenho medo de ser um saquinho
frágil de bolinhas de gude e de você me abrir. E minhas bolhinhas correrem cada
uma para um canto do mundo. E entrarem pelas valetas do universo. E eu nunca
mais conseguir me juntar do jeito que sou agora. Eu tenho medo de você abrir o
espartilho superficial que aperto todos os dias para me manter ereta, firme e
irônica. Minha angústia particular que me faz parecer segura. Eu tenho medo de
você melhorar minha vida de um jeito que eu nunca mais possa me ajeitar,
confortável, em minhas reclamações. Eu tenho medo da minha cabeça rolar, dos
meus braços se desprenderem, do meu estômago sair pelos olhos. Eu tenho medo de
deixar de ser filha, de deixar de ser amiga, de deixar de ser menina, de deixar
de ser estranha, de deixar de ser sozinha, de deixar de ser triste, de deixar de
ser cínica. Eu tenho muito medo de deixar de ser.
Tati Bernardi
Tati Bernardi
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Assinar:
Postagens (Atom)