quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Há tempos em nossa vida que contam de forma diferente.
Há semanas que duraram anos, como há anos que não contaram um dia.

Há paixões que foram eternas, como há amigos que passaram céleres, apesar do calendário mostrar que eles ficaram por anos em nossas agendas.

Há amores não realizados que deixaram olhares de meses, e beijos não dados que até hoje esperam o desfecho.

Há trabalhos que nos tomaram décadas de nosso tempo na terra, mas que nossa memória insiste em contá-los como semanas.

Há casamentos que, ao olhar para trás, mal preenchem os feriados das folhinhas.

Há tristezas que nos paralisaram por meses, mas que hoje, passados os dias difíceis, mal guardamos lembranças de horas.

Há eventos que marcaram, e que duram para sempre,
o nascimento do filho, a morte do pai, a viagem inesquecível, um sonho realizado.
Estes têm a duração que nos ensina o significado da palavra “eternidade”.

Já viajei para a mesma cidade uma centena de vezes, e na maioria das vezes o tempo transcorrido foi o mesmo.

Mas conforme meu espírito, houve viagem que não teve fim até hoje, como há percurso que nem me lembro de ter feito, tão feliz eu estava na ocasião.

O relógio do coração – hoje eu descubro - bate noutra freqüência daquele que carrego no pulso.

Marca um tempo diferente, de emoções que perduram e que mostram o verdadeiro tempo da gente.

Por este relógio, velhice é coisa de quem não conseguiu esticar o tempo que temos no mundo.

É olhar as rugas e não perceber a maturidade.
É pensar antes naquilo que não foi feito, ao invés de se alegrar e sorrir com as lembranças da vida.

Pense nisso.
E consulte sempre o relógio do coração:
Ele te mostrará o verdadeiro tempo do mundo.
 (Alexandre Pelegi)
 
 

quinta-feira, 10 de julho de 2014


O seu santo nome

Não facilite com a palavra amor.
Não a jogue no espaço, bolha de sabão.
Não se inebrie com o seu engalanado som.
Não a empregue sem razão acima de toda a razão (e é raro).
Não brinque, não experimente, não cometa a loucura sem remissão
de espalhar aos quatro ventos do mundo essa palavra
que é toda sigilo e nudez, perfeição e exílio na Terra.
Não a pronuncie.
(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 24 de junho de 2014














segunda-feira, 28 de abril de 2014


Aprenda a ouvir.
A oportunidade pode estar batendo bem baixinho à sua porta.

(Frank Tyger)


sábado, 26 de abril de 2014

Alanis Morissete - Thank U - Obrigada - Traduzida

Dumb Ways to Die in Rio

Vědecký experiment: život není fér. Podívejte se, jak vám můžeme zachrán...





Experiência em praça pública, comprova que a roupa que você usa faz toda
diferença e pode salvar sua vida...
Veja o vídeo!



MUITO MUITO POUCO - Arnaldo Antunes (lyric-video)












Num porto seguro [En un puerto seguro
esperei te encontrar. [espere encontrarte.
Lua de não sei. [Luna de no ser.


Chris Herrmann
Trad. espanhol: Leo Lobos



Eu sei, mas não devia
Marina Colasanti
(1972)


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra
vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma
a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não
abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma
a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol,
esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A
tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque
não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para
almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque
está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a
guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os
números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas
negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa
duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não
posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser
ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a
lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber
que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais
dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver
anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e
engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na
infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e
cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os
olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da
água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a
não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta
no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas,
tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma
revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e
torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os
pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola
pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a
gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono
atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se
acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e
baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que
aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma. 



quarta-feira, 9 de abril de 2014



Beannacht
 
(Benção)
 
No dia em que o peso amortecer-se
Sobre teus ombros e tropeçares,
Que a argila dance para equilibrar-te.
E, quando teus olhos congelarem-se
Por trás da janela cinzenta,
E o fantasma da perda chegar a ti,
Que um bando de cores
Índigo, vermelho, verde
E azul-celeste,
Venha despertar em ti
Uma campina de alegria.
Quando a vela se esfiapar no barquinho
Do pensamento, e uma coloração
De oceano escurecer abaixo de ti,
Que surja por sobre as águas
Uma trilha de luar amarelo
Para levar-te a salvo para casa.
Que o alimento da terra seja teu,
Que a claridade da luz seja tua,
Que a fluidez do oceano seja tua,
Que a proteção dos antepassados seja tua.
E, assim, que um lento vento
Teça estas palavras de amor
À tua volta, um invisível manto,
Para zelar por tua vida.
 
John O´Donohue

 
"Ódio produz casamentos duradouros.
O ódio não suporta a idéia de ver o outro
 voando livre, para longe...
O ódio segura, para que o outro não seja feliz.
O ódio gruda mais que amor.

Porque o amor deixa o outro voar..."
(Rubens Alves)

metá metá - papel sulfite






Papel Sulfite
Metá Metá

Peço que você digite num papel
sulfite

Versos convincentes
Peço que você grafite poemas de amor
Com
tinta fluorescente


Peço que você delete tudo que doeu e te deixou
doente

Não sei que bicho isso vai dar, mas peço
Vamos lá, meu bem,
experimente.


Peço que me dê abrigo
Corte meu cabelo na lua
crescente

Se você zangar comigo
Vamos ao cinema aliviar a
mente


Peço que você aplique tudo em nós dois
Nós dois daqui pra
frente

Não sei que bicho isso vai dar, mas peço
Vamos lá, meu bem,
experimente


Peço que evite olheiras
A vida é passageira, amor, não
esquente

Vamos imprimir em negrito
Tudo de bonito que marcou a
gente


Peço que compense o atraso
Se quiser, me caso agora e para
sempre

Não sei que bicho isso vai dar, mas peço
Vamos lá, meu bem,
experimente


Tudo que te peço, meço
Pra não cometer excesso
Se
ocorrer o inverso

Mil desculpas eu te peço





Jacques Brel | Le Plat Pays









"Se nada nos salva da morte, pelo menos que o amor nos salve da vida."
(Javier Velaza)



"O segredo da saúde da mente e do corpo está em não lamentar o passado, em não se afligir com o futuro e em não antecipar preocupações; mas está no viver sabiamente e seriamente o presente momento."